quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Foi assim!!



Quando pequena eras aquele que eu amava, a quem queria sempre dar a mão,
que me orgulhava da tua alta figura da tua postura e do teu sentido de humor…
Vivendo entre duas realidades diferentes, a vossa e a dos avós, fazia a comparação..
nos avós havia a harmonia o calor, na vossa havia o medo misturado com momentos bons.
Se estavas de bom humor tudo corria bem , eras divertido, doce. Se o mau humor imperava
eras agressivo e mudavas completamente.
Gostava de ti, queria ter-te no meu mundo, precisava daquilo que tu supostamente
deverias significar, mas nunca te cheguei a encontrar.
Precocemente fui-te perdendo na vida e tu afastavas-te, calmamente, habituando-me à ideia
de que era essa a “nossa” normalidade.
Aprendi a viver sem ti, tive outras pessoas presentes que me compensaram a tua ausência,
deixaste de ter significado, confesso que senti alguma revolta e tristeza, mas para mim,
o amor constrói-se com apoio, atenção, presença …
Hoje, já mais madura, confesso quando olho para trás e tenho pena que não tenhamos
construído algo. Para os teus netos não passas duma ténue lembrança com pouco
significado e para mim infelizmente, também… e tenho pena, sempre construí sentimentos
com a familia, os amigos… contigo não consegui construir…apenas ignorar!!!
Não sei se sofreste com esta ausência, nunca me fizeste sentir fosse o que fosse, e ainda
hoje me questiono sobre isso.
Partiste da mesma forma que estiveste na minha vida... discretamente, não estava ao teu lado
e não o lamentei... estavas com aqueles que viveste a tua vida.
 
Lamento, gostava de te "ter tido", mas continuo na dúvida se tu partilharias desta "vontade".
És uma passagem na minha história, mas guardo a doçura que sentia quando pequenina olhava
para ti com amor e admirava a tua alta figura a tua postura e o teu sentido de humor!!

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