sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Histórias da Vida Real


Semicerra os olhos como não querendo ver a cena que ali se desenrola e da qual não queria fazer parte, de punhos fechados como querendo reprimir a raiva que sente crescente... À sua frente um homem, seu marido, um homem que um dia amou, grita como se louco estivesse, tantas vezes esta cena se repete...
Como chegaram àquele ponto?? eram tão felizes quando se conheceram , quando casaram, quando tiveram o primeiro filho... agora tudo isso pertencia ao passado apenas restava aquela dor e o confronto quase diário para o qual a única resposta que tinha para dar era o silêncio, a passividade...

Mas hoje as coisas tinham mudado, evoluido para pior, ele, não contente com as ameças que lhe fazia e para as quais não obtinha resposta, atrevera-se a gritar aos filhos a ameaça-los também !!!
Dentro dela crescia uma raiva forte e não a raiva surda que sentira tantas vezes, desta vez não
o temia, meter-se com os seus filhos... Não !!! não podia permitir.

As crianças abraçadas uma à outra soluçavam, assustadas, cada vez que o pai levantava a voz
estremeciam apavoradas.
Levantou-se corajosa enfrentando-o, sentiu-se crescer , o homem à sua frente , o seu marido, vacilou, surpreendido com aquela coragem súbita , levanta da mão e dá-lhe um estalo...Ela vermelha de cólera, aponta-lhe o dedo e diz-lhe : - Nunca Mais !!! ouviste?? Nunca Mais!
-Enquanto foi comigo, aguentei, embora o amor se tenha transformado em ódio, pensei aguentar pelos meus filhos, por uma pseudo-estabilidade emocional, mas hoje acabou nada mais faço... fazemos... ao teu lado. Vou sair e nunca mais te quero ver !!!
- Quando voltar não te quero aqui, quero o divórcio e quero-te longe !
Ele balbuciava palavras sem sentido o ciúme e os problemas que existiam na empresa onde trabalhava tinham-lhe tirado a capacidade de gerir a sua vida, sempre tinham tido estabilidade, uma boa casa, bons carros, e agora estava na eminência de tudo perder...
Não sabia que fazer que dizer, se chorar, se gritar... de cabeça entre as mãos procurava uma forma de alterar a decisão da mulher, tinha caído em si , visto o monstro em que se tinha transformado, tentou dizer-lhe, mas já não tinha palavras.
Ela, com os olhos cheios de lágrimas vestia os casacos às crianças que choravam ruidosamente
Agarrou na mala, começou a andar em direcção à porta, parou, e olhando para trás disse:
- Nada mais há a dizer, apenas que acabou, não aguento mais...

Abriu a porta, saiu e ele apenas pôde ouvir os passos descendo as escadas, sabia no seu intimo que nada mais podia fazer...













3 comentários:

luiz eduardoww disse...

Cenas de um contidiano que acontece com intensa frequencia a toda hora em todos os lugares. Felizmente este final é o mais saudavel, outros nem tanto. Um grande abraço. eduardomiv

Mité disse...

Retribuo o abraço
Até sempre !!!

SA disse...

Olá Teresa,

Há muito que não passo aqui...desculpa. Muito trabalho.
é sempre com prazer que passo cá, e hoje tb tenho o meu blog.
Esta cena que contas é muito comum, demasiado comum...infelizmente a vida é assim: rouba-nos muita coisa porque somos incapazes de lidar com ela pois ela é muito exigente.
Beijinhos, e um feliz natal (ainda passo cá)