Homenagem a um Chapéu de chuva

Saíu do carro convencida que se encontrava preparada para enfrentar a chuva e o vento ...

Calças dentro das botas, gabardina e um chapéu-de-chuva. Tudo OK! mas, enganou-se, pois mal abriu a porta o chapéu passou disso mesmo a esqueleto dele próprio !!

Apanhada desprevenida ela tenta recolocar sem sucesso o chapéu na sua posição incial, cheia de coragem , pois quando acordou ao constatar que o tempo estava um caos e que a vontade era ficar por ali... apercebeu-se que não o podia fazer e então foi-se preparando à medida que se ia arranjando para o enfrentar (o tempo Claro !!)

mas... ali no meio do parque com um chapéu-de-chuva que mais parecia torcer-se com dores

viu que estava tramada !! Correu apressadamente para o barco, tentando equilibrar o chapéu,

tarefa dificil e inglória. Chegou ao barco, entrou viu o estado deplorável de todos os que lá iam, cabelos desgrenhados, encharcados, brancos, infelizes!!! encheu o peito de ar e disse:-Eu não me hei-de ir abaixo !!!

Sentou-se puxou do seu livro e passou o percurso a ler calmamente.

Quando o barco estava a atracar ela olhou para fora e viu que a chuva e o vento não davam tréguas continuavam... Confirmou se a gabardina estava bem fechada ajeitou a mala e

agarrou no pseudo-chapéu que estava ao seu lado já com uma vareta espetada! e pensou:

-Hás-de resistir!! e agarrou-o firmemente.

Assim que saiu do barco apercebeu-se que ele não ia resistir, mas não o largou, vira para aqui, vira para ali, e a água avançava agora por todos os lados, apeteceu-lhe atirar com o chapéu contra qualquer coisa e dar-lhe umas pancadas valentes, mas continuou rua acima, a disposição era má, enraivecida por aquele tempo ia rosnando uns tanto impropérios...

Até que pensou, - de que serve eu estar aqui irritada se de molhada não passo, e, ainda agarrada ao chapéu que coitado de chapéu já não tinha nada, eram apenas umas varetas espetadas e uns panos que esvoaçavam no ar , continuou rua acima mas, desta vez rindo-se da sua figura, olhava para esqueletos de chapéus que jaziam no chão e sorria, - o meu há-de resistir até ao fim !!! e, assim foi, entre rajadas de vento e água da chuva, ela lá foi subindo a rir...

Quando chegou ao emprego entrou de chapéu ainda aberto, chamou as colegas que se riram com gargalhadas fortes do estado em que ela se encontrava.

Encharcada, o cabelo escorrido, e um chapéu aberto que de chapéu-de-chuva não tinha nada...

Riu-se com as colegas fechou o chapéu se é que era possível fazê-lo e foi deitá-lo no lixo , mas antes agradeceu-lhe a companhia que ele lhe fez ao ponto de a levar a rir alegremente numa manhã tão triste cinzenta e chuvosa !!!

Obrigada meu ex- chapéu-de-chuva ;0(