Passo a mão pela testa
Cansada de ali estar, espero,
sem esperança de alcançar o que pretendo.
A meu lado outros esperam também , o calor aperta
ouvem -se as vozes das crianças que alheias à espera
riem brincando ou choram desesperadas , pessoas falam irritadas, outras, de calma maior
acabaram por ceder ao cansaço adormecendo em posições por vezes até exóticas.
Para cá e para lá passam alguns, como que alheios ao que ali se passa.
Alguém já sem paciência resmunga : - Mas ainda demora muito??
Pulseiras nos braços de várias cores denunciam a gravidade das situações.
O cigarro é o maior amigo daqueles que cansados de esperar puxam por ele
e o colocam nos lábios saindo da sala e tentando assim descontrair daquela espera sem sentido.
No altifalante ouvem-se nomes balbuciados sem vigor, alguém que parece dormir
abre os olhos na esperança de que seja agora a sua vez.
Algumas pessoas já travaram conhecimento, falam de si próprias das suas
experiências, ora sorriem ,ora choram, enquanto outros cabisbaixos os observam.
Espera-se o milagre, serei a próxima ?? ora quando eu cheguei aquele e aquele já cá estavam...
bolas ainda faltam tantos...
... mais umas horas me aguardam. Quando finalmente chamam pelo nome, quase me esqueci
da causa que ali me levou, caminho pesada, passo a porta... Lá dentro o espectáculo é pior
uns para aqui outros para ali... Vejo um sujeito franzino com uma bata branca que me recebe
com um ar de desinteresse, queixo-me (neste momento já me sinto quase boa)!
Blá blá blá e estou cá fora com uns papeis na mão, feliz por estar livre de tudo aquilo,
quando entrei estava adoentada, quando saí estava frustrada... é isto que temos ?
É isto que merecemos?? É para isto que descontamos grossas fatias do nosso ordenado!!
Penso naqueles que ali ficaram e, numa aitude egoísta fico feliz por poder sair dali apenas
com uns papeis que referem (ainda) não sei o quê! Apenas quero sair dali o mais depressa
possível e esquecer o que vi, pedindo que não necessite dali voltar nunca mais!!
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